A vida mudou substancialmente para os indivíduos em economias emergentes nas primeiras duas décadas do século 21 como resultado de tendências, incluindo rupturas na tecnologia, globalização e mudanças na dinâmica institucional e do mercado.
Apesar da pandemia, no geral, o século 21 carrega oportunidades e crescimento econômico. Há uma perspectiva de mais por vir à medida que o século avança, por meio de desenvolvimento em ciência, tecnologia e inovação, e crescimento da produtividade.
Sim, há uma perspectiva relativamente positiva sobre o estado da economia até agora, mas que precisa ser compreendida com uma lente nos resultados econômicos para os indivíduos como trabalhadores, consumidores e investidores poupadores.
Essas três funções cobrem as necessidades existenciais e aspiracionais das pessoas, pois gera renda para atender suas necessidades de consumo, economiza para o futuro e, em geral, contribui para a prosperidade.
Além disso, o apelo dos mercados emergentes é reforçado pelo ESG.
Embora as tendências cíclicas tenham favorecido os mercados emergentes no passado, desta vez é diferente.
O momento atual escancara as razões tradicionais para investir em mercados emergentes, quais sejam: demanda não atendida de bens de consumo e serviços; excelentes oportunidades de expansão devido à crescente penetração da tecnologia; grande grupo de empreendedores em desenvolvimento; enorme mercado de trabalho inexplorado; acesso global a bens e serviços financeiros. É uma oportunidade de investimento de valor perfeito.
Apesar dessas atrações perenes, muitos investidores são desencorajados pelos riscos mais difíceis de gestão dos investimentos em mercados emergentes.
A geração millennial busca enfrentar as fragilidades do mercado emergente até porque tem na veia o propósito de gerar benefício social com seu investimento. Muitos jovens investidores estão percebendo que podem fazer a diferença no mundo, eles estão chegando.
A maneira de fazer isso, de modo geral, é colocar seu dinheiro em fundos que sejam éticos. Esses fundos podem incluir empresas que fazem algo de bom no mundo e/ou evitar aquelas que se engajam em atividades que podem ser prejudiciais as pessoas e ao planeta.
Examinar os negócios quanto à sua sustentabilidade é agora uma tendência dominante de investimento. Outro ponto, é estar atento ao movimento significativo de dinheiro fluindo para esses fundos.
Os investidores mais jovens estão especialmente diligentes. Quase dois terços dos millennials americanos estão altamente interessados - não apenas interessados - em investimentos ESG, dados do UBS Investor Watch.
Um bom exemplo é o da FAMA Investimentos. “Minha empresa sempre foi mais procurada por grandes investidores institucionais. Aos poucos estamos nos aproximando de pequenos investidores. Há poucos dias, reduzimos o investimento mínimo para R$ 1 mil para facilitar a entrada deles. Recebi muitos agradecimentos de jovens que estão iniciando suas carreiras, querem iniciar a construção de uma carteira de investimentos sustentáveis”, resume muito bem o fundador da FAMA, Fabio Alperowitch.
Moral e eticamente, assim pensam os millennials durante a definição da melhor estratégia de investimento. Respondem objetivamente à pergunta: o que meu dinheiro pode fazer além de apenas me dar mais dinheiro?
Há uma ruptura em andamento provocada pela sociedade e liderada pela geração Z. Agora, a justiça racial e social está se tornando uma forma cada vez mais importante de se considerar na tomada de decisão sobre o investimento. O movimento Black Lives Matter despertou um maior interesse em investimentos em justiça social, não se tem dúvidas. No Brasil, o episódio ocorrido no estacionamento de um supermercado, em Porto Alegre, acelerou a adoção de política de tolerância zero ao racismo e à discriminação por razões de raça e etnia na empresa e, respectivamente, com seus investidores.
Investir em justiça social pode ser uma forma de usar dinheiro estrategicamente para investir o capital tão necessário em empresas e comunidades com diversidade de raça e de gênero.
Só para ficar claro, aqui não se fala de doações para organizações sem fins lucrativos e iniciativas dignas, mas de investimento [real] que rende retorno sobre dinheiro, seja pequeno ou grande.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S. A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará.