Uma das pautas mais inspiradoras durante conversas com líderes de negócios orientados por propósitos é o desejo de compartilhar práticas ambientais e sociais inovadoras com seus ecossistemas. Um dos exemplos mais recentes que aprendi é o da Cogna Educação, empresa brasileira que fornece serviços educacionais e soluções digitais em todo o ecossistema de ensino do Brasil: programas de ensino fundamental, médio, superior e pós-graduação. A empresa atende mais de 2,4 milhões de estudantes no país e emprega mais de 23.300 pessoas

Em 2021, foram anunciados seus compromissos por um mundo melhor. Através de 14 metas, a Cogna se compromete, até 2025, em aumentar o valor sustentável que o negócio traz para a sociedade e para os stakeholders, todas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e divididas em três pilares: Equilíbrio entre Pessoas e Natureza; Educação, Diversidade e Direitos Humanos; e Governança e Integridade.

Naquilo que se refere ao pilar de equilíbrio entre pessoas e natureza, uma das metas é alcançar 90% da energia consumida na rede proveniente de fontes renováveis, além de impactar mais de 1,8 milhão de pessoas com conteúdos de educação ambiental. “Nossa agenda ESG está diretamente alinhada com as melhores práticas de sustentabilidade e do setor educacional. Ainda, enquanto uma empresa de educação, não poderíamos deixar de ter uma meta visando levar educação ambiental para a maior quantidade de pessoas possível. Queremos empoderar a população para que elas sejam agentes de transformação da sua realidade. Fazemos isso por meio da educação e a preocupação com o meio ambiente é parte fundamental desse propósito”, analisa Juliano Griebeler, que, além de sócio, é Diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Cogna.

As ambições começam a se tornar realidade. Por meio da Kroton, vertical B2C de ensino para jovens e adultos, e mantenedora das marcas de ensino superior como Anhanguera, Unopar e Pitágoras, espalhadas por vários estados brasileiros, estão sendo implementados projetos de eficiência energética e de reuso de água, além da coleta seletiva, colocando em prática o objetivo de mitigar o impacto ambiental causado.

Nas unidades de ensino superior localizadas em Jaú, São Paulo, e em Eunápolis, na Bahia, foi possível avançar nas obras para uso de energia solar, com autogeração de energia limpa, renovável e sustentável, resultando em uma eficiência mensal que varia de 60% a 80% para as instituições.

Já em Paragominas, no Pará, e, em Taubaté, São Paulo, houve a substituição de luminárias de vapor metálico por tecnologia LED com alimentação solar ou fotovoltaica. Nas faculdades de Jundiaí, também em São Paulo, e em Londrina, no Paraná, um sistema de captação de água de chuva vai aumentar o reuso de água nas unidades.

Outro exemplo é a iniciativa socioambiental do programa “Tampinha Legal”, que possui caráter educativo em economia circular da indústria de transformação do plástico da América Latina. O projeto busca conscientizar toda a população, criando pontos de coleta nas escolas, prédios e igrejas para arrecadar tampinhas plásticas de todos os modelos e cores, com a finalidade de trocar esse material por órteses infantil para doação. O destino final dos mesmos é ajudar as crianças que necessitam, temporariamente ou definitivamente, de aparelhos ou dispositivos ortopédicos, cujo propósito é alinhar, prevenir, corrigir ou melhorar a função das partes móveis do corpo.

"As empresas devem estar atentas para os impactos socioambientais nas comunidades em que se fazem presente, e para isso é necessário mensurar de forma recorrente o que está sendo produzido e estabelecer planos para uma melhora contínua de suas ações. A agenda de ESG faz com que as empresas deem mais transparência a essa questão e traz benefícios verdadeiros para a sociedade quando implementada da forma adequada”, finaliza Griebeler.

Exemplo como esse da Cogna, modelo empresarial que tem como propósito impactar as pessoas por meio da educação por um mundo melhor, reflete um movimento crescente de empresas assumindo compromisso pelos efeitos de suas operações. Até porque é mais eficaz liderar com educação e depois começar com ações climáticas fáceis e acessíveis de adoção.

Infundir medidas de baixo impacto em todos os aspectos do negócio significa considerar as implicações de sustentabilidade em todas as decisões. Ao criar padrões de boas práticas sociais e ambientais, as empresas podem mudar de uma cápsula de produto sustentável única para um modelo de negócios mais integrado.

Se vamos ficar em nossas próprias bolhas ou tribos, podemos muito bem viver em uma ilha. Ocorre que vivemos em comunidade, e é a comunidade que impulsionará essa mudança maior de que precisamos. Quando há colaboração com outras pessoas e com ideias semelhantes, isso gera mudanças maiores.

Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará.