O verde da agricultura está agora nas cidades. A agricultura urbana está mudando a paisagem nos aglomerados humanos: há milhares de operações de pequena escala proliferando, como os cultivos de plantas no nível do solo ou em telhados e terraços. Esse movimento sustentável, apesar de não ser reconhecido por muitos como uma atividade formal, é praticado por cerca de 800 milhões de pessoas em todo o mundo e ajuda cidadãos de baixa renda a economizar na compra de alimentos, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
A horticultura urbana ou fazenda urbana é o cultivo de hortaliças, frutas, plantas aromáticas ou ervas medicinais, entre outras, ao ar livre ou em espaços fechados. Essa prática ocorre dentro e ao redor das cidades, juntamente com outros exemplos de agricultura urbana e periurbana, como aquicultura, pecuária e silvicultura, que fornecem peixe, carne, laticínios e madeira para a comunidade.
É bom que se diga que as fazendas urbanas como exemplos de sustentabilidade da cidade surgiram na década de 1960, vinculadas ao ambientalismo e aos movimentos em prol de um mundo mais natural, mais justo e mais solidário. Grupos como o US Green Guerrillas foram pioneiros em transformar a agricultura urbana num caminho para a autogestão, inclusão social e uma vida comunitária próspera.
Desde então, as fazendas urbanas tornaram-se muito mais do que hortas. Tornaram-se espaços de lazer, relaxamento, educação ambiental e vivência de terapias curativas em um ambiente natural dentro das cidades.
No Brasil, esse modelo está presente na BeGreen. A inspiração começou em 2014, quando Giuliano, um dos empreendedores, visitou o centro de pesquisas em produção indoor de hortaliças no Massachusetts Institute of Technology – MIT. Pedro e Giuliano descobriram que o campo também era um lugar onde a inovação tinha um grande poder de transformação. Como laboratório desse sonho, em 2015 nasceu a primeira fazenda da BeGreen em Betim, na região metropolitana de BH.
Em 2017, a BeGreen criou a primeira fazenda urbana da América Latina. Construída em Belo Horizonte (MG), no Boulevard Shopping, a iniciativa chamou a atenção para a produção de alimentos livres de agrotóxicos com baixa utilização de água e emissão de carbono reduzida.
De lá para cá, a empresa se tornou uma rede de fazendas urbanas com outras unidades em São Bernardo do Campo (SP), na fábrica da Mercedes-Benz; Rio de Janeiro (RJ), no Via Parque Shopping; Osasco (SP), na sede do iFood; Campinas (SP), no Parque D. Pedro Shopping; em Salvador (BA), no Shopping da Bahia; e agora em Goiânia, no Passeio das Águas Shopping.
A consolidação do negócio como uma solução inteligente de sustentabilidade é diretamente proporcional ao seu desafio de expandir para as grandes cidades do Brasil.
A agtech BeGreen é um espaço para cultivar experiências e uma vida mais sustentável, produzindo hortaliças sem prejudicar o meio ambiente, compartilhando conhecimento, comendo o que faz bem e comercializando alimentos agroecológicos.
Plantando e colhendo dentro da cidade, a empresa reduz a distância entre os alimentos e o consumidor final. Sem a necessidade de transportar as hortaliças do campo até grandes centros urbanos, é possível eliminar as perdas que acontecem durante essa jornada.
O impacto gerado pela agtech é relevante. Atualmente, a empresa produz cerca de 20 toneladas de alimentos por mês. À guisa de ilustração, somente no primeiro ano de operação da BeGreen:
- 1.068.285 pessoas foram beneficiadas diretamente;
- 94.038 pessoas, indiretamente;
- 420.012 hortaliças foram cultivadas, o equivalente a 39,9 toneladas.
Considerando apenas o impacto da produção de 420 mil pés de hortaliças, isso significa que:
- Houve uma retirada de 1,18 toneladas de CO2 do meio ambiente;
- Houve uma economia de 445.900 litros de água na irrigação;
- Não houve desperdício de água (aproximadamente 273.000 litros de água); e,
- Houve uma redução de 45% do custo de produção frente à produção convencional.
Assim, a BeGreen faz parte da construção de um Brasil mais sustentável, onde todos tenham acesso a uma alimentação mais saudável, acreditando que é possível produzir alimentos frescos de forma responsável, com mais sabor e zero desperdício.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará.